O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é definido pela diminuição da tolerância à glicose que se inicia ou é reconhecida pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o parto. Essa definição pode incluir pacientes com características clínicas de Diabetes Mellitus (DM tipo 1 ou tipo 2) e casos de tolerância à glicose diminuída, cujo diagnóstico tenha sido feito somente na gestação atual.
O DGM é causado pela ação dos hormônios placentários que vão contra a ação da insulina materna ( hormônio que reduz a glicemia ), e seu diagnóstico é feito por testes laboratoriais. O DMG é um problema metabólico muito comum neste período, ocorrendo em aproximadamente 8% das gestações. Diabetes gestacional mal controlado pode causar diversos problemas tanto para o bebê quanto para a mãe, destando-se algumas delas – para as crianças: nascem grandes (macrossomia), podem apresentar deformidades em órgãos importantes como coração e rins (mal formações congênitas) e outras alterações metabólicas como baixos níveis de glicose ao nascer (hipoglicemia no recém-nascido) com risco de lesões cerebrais importantes, e também pode ocorrer nascimento antes do tempo (parto pré-maturo) – quanto as mães destam-se: pressão alta e outros problemas circulatórios, obesidade grau 2 e risco de desenvolver o Diabetes mellitus tipo 2 entre dois a três anos após o parto.
Fatores de risco para o DMG:
- Obesidade, sobrepeso, ou ganho de peso excessivo durante a gestação estão entre os principais fatores de risco para a doença, outros seriam: idade maior que 35 anos, baixa estatura da mãe, história familiar de diabetes, síndrome do ovário policístico, história prévia de recém-nascido com mais de 4 kg, hipertensão ou pré-eclâmpsia.
A intervenção nutricional é uma importante aliada no controle do Diabetes Mellitus Gestacional, trazendo benefícios à saúde materno-fetal. O tratamento inicial consiste num controle alimentar saudável, cujos objetivos são ajudar a mãe a realizar uma nutrição adequada para ela e pra seu bebê em formação. É importante salientar que não é aconselhado que seja feito um regime alimentar ou dieta para se perder peso durante a gestação e sim uma alimentação saudável para que ambos alcancem um bom controle metabólico, (glicose e gordura no sangue em níveis normais) e outros parêmetros metabólicos saudáveis, além de pressão arterial controlada permitindo uma boa troca alimentar e de oxigênio entre eles (mãe e filho). É de fundamental importância a adesão ao plano alimentar saudável, atendendo aos princípios da quantidade e da qualidade, além da necessidade do fracionamento das refeições (mais de três refeições ao dia). O adequado ganho de peso durante toda a gestação é fundamental para o bom controle glicêmico e demais parâmetros acima mencinados, portanto a incorporação de um estilo de vida saudável é de suma importância mesmo após o término da gestação.
Orientações importantes para as gestantes que foram diagnosticadas com DMG:
- Retirar totalmente o açúcar, mel, açúcar mascavo, açúcar cristal, açúcar orgânico e todas as preparações que vão nesses ingredientes (doces e sobremesas)
- Não misturar e nem repetir os carboidratos na mesma refeição. Ex: arroz, batata, mandioca, mandioquinha, macarrão, pão, aveia, granola.
- Prefira o carboidrato integral. Ex.: pão integral, macarrão integral, aveia, granola. As fibras presentes nesses alimentos ajudam a liberar o açúcar no sangue mais lentamente evitando um aumento elevado da glicemia.
- Consumir em torno de 3 porções de frutas por dia, priorizando as que são consumidas com casca e/ou bagaço.
- Não tomar suco de frutas concentrados. Por exemplo, ao preparar suco de laranja utilizar somente uma unidade por copo de 240 ml.
- Os vegetais são fundamentais na alimentação. As folhas podem ser consumidas à vontade. Em relação aos legumes deve-se ter cuidado com a beterraba e não consumir sucos a base desse vegetal. Consuma a beterraba junto com a refeição em pequena quantidade (em torno de 2 fatias finas ou 1 colher de sopa da beterraba ralada junto do almoço e jantar).
- Os doces diet são boas opções para saciar a vontade de doces. Mas cuidado com a quantidade. Muitas vezes esses alimentos são mais gordurosos do que as versões normais.
- Não abuse das quantidades de adoçante. A recomendação é de 3 a 5 gotas por copo ou 1 sachê por copo. Os educorantes liberados para utilização pelas gestantes são acesulfame K, aspartame, sacarina e sucralose.
Referências:
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